Eu sempre achei que fosse uma menina bastante decidida, que soubesse muito bem onde queria chegar. Na verdade eu não tinha medo dos meus sonhos, eu queria poder voar bem alto e não ter medo de cair. Porém, o sentimento que antes não conhecia, começa a fazer parte do meu vocabulário. Hoje acho que tenho medo de ser eu mesma. E hoje sei o quanto que é frustrante sentir medo. Afinal, eu sempre soube que ter medo de ser feliz, é a maior erro que o ser humano pode cometer. 
O pior do que sentir medo é não ter certeza das coisas que me faz feliz. Porque eu já não sei se o que antes me arrancava qualquer sorriso, vai continuar arrancando daqui a algum tempo. Eu não sou a mesma de ontem, e não sei se serei a mesma amanhã. Ontem e hoje também, achei que fazer medicina era meu maior sonho, era o que iria me fazer eternamente feliz, mas e se eu não conseguir? E se eu não for boa o bastante? E se eu não agüentar toda a pressão? Uma coisa eu sei, preciso para de falar “e se...”
Hoje me encontro perdida no vale do medo. Tenho o medo de não conseguir realizar todos os meus sonhos, tenho medo de decepcionar as pessoas que eu amo, tenho medo de ser uma ninguém. Eu sempre procurei a minha liberdade e a minha independência, mas hoje estou presa pensando no que os outros estão achando dos meus passos. É eu sei que preciso achar a minha autoconfiança, que deixei em algum lugar. Preciso voltar a confiar em mim, e saber em que lugar em perdi a minha coragem. Mas, sabe de uma coisa, eu não posso ter medo de não ser feliz nas escolhas que eu fizer, porque ser feliz, não pode ser o meu principal objetivo. Conseguir ser a melhor pessoa que eu puder ser, esse sim, deve ser o meu principal objetivo.

Passei esse Carnaval de uma forma bem singular. Longe de qualquer badalação e festas, passei na praia em total contato com o mar e com a areia. Em contra partida, totalmente desligada do mundo, sem televisão, Internet e celular. E pode ser difícil de acreditar, mas existem pessoas que vivem sempre assim, e não reclamam. Eu também achei legal ficar em off por um tempo, mais na quarta-feira de cinzas já estava pirando, pelo simples fato de passar tanto tempo sem absorver informações, e percebi o quanto que isso é importante para mim, coisa que antes não sabia.
Entretanto, longe de casa e longe da minha realidade, eu fui refletindo os meus passos. E vi que uns foram essenciais e outros deveriam sem apagados. E caminhando pela a areia, vi que minhas pegadas aos poucos iam sendo apagadas pelo mar, e aquilo era desconfortável, pois eu tive a virtude de perceber que todos os passos são necessários, mesmo que eles não estejam no caminho certo. Mas o mar é maravilhoso, e era tão bom o simples fato de ficar observando a sua majestade. Ah, também percebi que o mar pode ser um grande espelho. Sim, um espelho. Pois, nós nos comportamos como suas ondas, sempre indo e voltando. E mesmo sem saber até onde vão chegar, elas vão até onde puderem.
E isso foi uma lição para mim. Porque não importa até onde eu vou conseguir chegar, mas eu vou ir até onde eu tiver forças para ir. Sem ter medo das dificuldades, pois uma onda pode ser forte o suficiente para levar todos que estiverem em seu caminho. Eu só preciso de mais um pouco da determinação delas. E agora eu consigo entender o que mais profundo existe em minha alma, porque eu aprendi com a natureza o que a vida cansou de ensinar. E o primeiro passo que vou dar é terminar tudo que começo, a terminar os textos que começo, a terminar assuntos pendentes. Porque não posso ter medo do fim, ele é necessário. E nem sempre será doloroso. Pois mesmo que nós não possamos ver, até o mar tem um fim.